O NHP esteve à conversa com Inês Arrais onde nos conta a viagem entre o Lagonense e o Sporting CP.

 

O NHP esteve à conversa com Inês Arrais onde nos conta a viagem entre o Lagonense e o Sporting CP.

NHP - Onde e quando começou esta paixão pelo hóquei em patins?
Inês Arrais - O meu irmão jogou, durante muitos anos, hóquei em patins, e sendo mais velho, eu acompanhava-o muito em pequena para os treinos e para os jogos. Acabei por experimentar patinar pela primeira vez no Hóquei Clube Bom-Sucesso, com a ajuda do meu pai. A partir daí não voltei a desligar do hóquei, mas fui sempre praticando outras modalidades. Por volta dos 8/9 anos de idade decidi ficar apenas pelo hóquei, no Lagonense Futebol Clube, antigo clube de hóquei da minha terra (Mira, Coimbra) e foi aí que a minha paixão começou a crescer.

A.A.C.

NHP - Antes deste desafio no Sporting CP, as rodas dos patins rolaram por onde?
Inês Arrais - O meu primeiro clube foi o Lagonense Futebol Clube, onde permaneci até por volta dos 13/14 anos, de seguida fui para o Hóquei Clube da Mealhada por 3 anos, Associação Académica de Coimbra por mais 4 anos e atualmente jogo no Sporting Clube de Portugal, época 2020/2021. Fiz uma paragem de um ano, época 2019/2020 por questões académicas.

NHP - Tens contigo algum momento de glória ou algum embaraçoso que queiras partilhar?
Inês Arrais - Para mim , um dos momentos mais importantes da minha vida desportiva foi e continua a ser, sem dúvida, poder representar o Sporting Clube de Portugal. Guardo um carinho especial por todos os clubes por onde passei claro, que me deram formação e capacidades para continuar o meu percurso, mas o Sporting tem demonstrado ser o meu maior desafio, pelo que, cada conquista sabe melhor.

NHP - Os jogos continuam intensos e quentes, mas... com as bancadas frias...
Inês Arrais - Uma das coisas que sinto mais pena de não ter experienciado ainda neste clube é a vibração do público nas bancadas durante os jogos e o facto de não poder ter a minha família a vibrar comigo e a ver-me representar o Sporting, fisicamente! Poder ver a felicidade na cara das pessoas que estão ali para nos apoiar no final de cada jogo é uma sensação vibrante e ajuda-nos a continuar a dar o máximo, jogo após jogo.


NHP - O hóquei feminino sente-se apoiado em Portugal? 
Inês Arrais - É um assunto que merece um pouco de mais atenção, não é em poucas palavras que consigo descrever a minha opinião à situação atual do desporto feminino, nomeadamente o hóquei em Patins, em Portugal. No entanto, penso que o facto de os clubes "grandes" terem começado a apostar no hóquei feminino é um grande passo para a modalidade em Portugal e com certeza que dá mais visibilidade não só cá dentro como também lá fora e torna o campeonato mais renhido, não só entre equipas mas também no "eu individual", ou seja, entre cada atleta. No entanto, é inevitável afirmar que existem ainda muitas discrepâncias entre modalidades e entre sexos.

NHP - Estas paragens no campeonato servem para refletir? Para recuperar energias?
Inês Arrais - Os campeonatos de hóquei em patins, desde que eu me lembro, sempre foram datados da mesma forma, começando por volta de setembro e acabando em meados de junho, havendo jogos todos os fins-de-semana, com alguns de descanso, nomeadamente nas férias. Na minha opinião as cargas e volumes de treino aplicadas formuladas no início da época já contam com este tipo de calendarização, pelo que sou da opinião de que se devia reger pelo que está estipulado no início da época. Claro que, na atual situação em que vivemos, é impossível predizer este tipo de imprevistos, pelo que deve haver um ajuste por parte de cada equipa para tornar estas alterações o menos prejudiciais possíveis.

NHP -Se fosses ministra do desporto, o que alteravas nesta altura complicada?
Inês Arrais - Eu não tenho opinião sobre este assunto, porque, para além de a pandemia ser algo anormal para o que estamos habituados, não foram estipuladas regras anteriormente que nos possam ajudar a tomar decisões, logo, penso que todas as decisões que se tomaram foram com o intuito de proteger os atletas de algo que não se sabe ainda bem como combater, e o facto de haver decisões que me pareçam desiguais, não sei o que poderá estar por detrás, logo apenas devemos respeitá-las.

NHP - E fora de portas? Jogar no estrangeiro? Seleção nacional?
Inês Arrais - Já tive oportunidade de jogar no estrangeiro, no entanto foi algo que nunca pus em questão por ser tão focada no que pretendo seguir profissionalmente. Claro que ir à seleção nacional seria algo que me daria muito prazer, iria ser um orgulho representar as cores de Portugal, mas estou muito satisfeita de tudo o que consegui conquistar até agora.

NHP - Jogador ou jogadora de inspiração?
Inês Arrais - Sinceramente não tenho um jogador/a de inspiração. Gosto de seguir o percurso de diversos jogadores, não só de hóquei em patins, mas se tiver que escolher alguém influente na minha vida para representar o papel e do qual não seria o que sou hoje sem eles (neste caso), era o meu irmão, pois para além de ter sido o meu primeiro exemplo no hóquei tive a oportunidade de o ver crescer naquilo que era o nosso desporto e, sem dúvida nenhuma, o meu pai, a quem só tenho a agradecer por ser o melhor exemplo para tudo na minha vida, que me fez ser quem sou hoje (e continua a fazer), e ainda, pela dedicação e paciência para me acompanhar semana após semana, ficar sem fins-de-semana e sem férias só para me ver a fazer o que mais gosto!

NHP - Planos e objectivos?
Inês Arrais - Para este ano é continuar a representar o Sporting Clube de Portugal e concluir o meu mestrado.


NHP - Para além do hóquei em patins, quem é Inês Arrais?
Inês Arrais - Simultaneamente com o hóquei estou no 2ºano de mestrado em Exercício e Saúde na Faculdade de Motricidade Humana (Lisboa) estando a estagiar. Hoje em dia é dificil fazer alguns dos passatempos que mais gosto, como acampar, ir ao cinema, jantar fora com os meus amigos ou viajar, por isso, vou muitas vezes caminhar/correr ao ar livre, cozinho receitas novas, vejo séries/fimes e tento estar presente na vida das pessoas que mais gosto, mesmo que seja via telemóvel. O que não dispenso de forma alguma é ir à minha terra natal quando posso.

NHP - Para os amantes da modalidade uma mensagem e um grito de incentivo para os adeptos do Sporting CP...
Inês Arrais - Queria deixar a mensagem que mesmo não estando fisicamente presentes, nós sentimos o vosso apoio e lutamos semana após semana para alcançar os NOSSOS objetivos. Certamente não faltará muito para voltar a juntar a família sportinguista no nosso palco!

Obrigado!
Vitor Pinto
Notícias Hóquei em Patins

Comentários