“Não somos profissionais, mas se calhar, damos mais do que muitos que são pagos”

Retirado de: ladof.pt

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É na Sanjoanense, clube que considera uma segunda casa e consumou o acesso à segunda fase do campeonato, que Maria Barbosa marca golos. Internacional portuguesa, a hoquista conversou com o Lado F sobre as ambições do emblema de São João Madeira e passou em revista 2020. Este fim de semana arranca já a designada prova 2, mas a receção ao Vilafranquense foi adiada por mútuo acordo entre ambos os clubes. O primeiro jogo será com o Benfica, dominador na modalidade, na semana seguinte na Luz… A avançada, que marcou 27 golos na primeira fase, não se intimida e quer estar na luta pelas melhores marcadoras da liga. Capitã da Sanjoanense, economista de profissão, a “Marega” como é conhecida no meio, também perspetivou para quando poderá haver sinais de retoma no nosso país.

Com que sentimento fica em relação à última época?

Faltava uma eliminatória para atingirmos a final-four da Taça de Portugal e foi frustrante, porque as provas foram suspensas. Foi meio ano sem treinar e acabou por tornar este início mais difícil, porque o hóquei não se pode replicar em casa. Ter um período grande sem treinar prejudicou um bocadinho e além disso, temos a condicionante de novas paragens se houver casos positivos. Essas paragens aumentam a probabilidade de lesões num atleta.

Aconteceu convosco?

Sim, uma jogadora no aquecimento. Com intensidade de treino baixa, torceu o pé e esteve 3 semanas parada.

Como têm sido os treinos?

Treinamos 3 vezes por semana, cerca de uma 1h15, pois temos de partilhar o espaço com os escalões de formação, que não podem acabar muito tarde os treinos. Antes, treinávamos hora e meia, agora há essa condicionante.

A Sanjoanense treina três vezes por semana

Foram apuradas na zona centro para a fase seguinte. Que balanço faz?

Já sabíamos que à partida passaríamos. O objetivo era o primeiro lugar e não conseguimos, apesar de termos os mesmos pontos do primeiro, no confronto direto perdemos com a Académica no goal average. A próxima fase, com maior dificuldade é a que nos interessa, pois só assim se evolui com jogos mais competitivos.

Pode dizer-se que foi um aquecimento para a fase a doer?

Acho que o nível de dificuldade desta fase é muito inferior ao da segunda, por isso não é aquecimento, pois para tal teria que ser mais renhido, com jogos não tão desnivelados. Só tivemos dificuldades com a Académica e isso não é bom para nós, nem para equipas que jogam com outras ambições. Ganhámos um jogo por 36-0… e pediram-nos a mesma atitude do início ao fim e damos, mas vemos que do outro lado é massacrante, pois quase não tocam na bola.

Marcou 9 golos nesse jogo…

Por lesão e covid, só tínhamos uma ou duas jogadoras para trocar, houve pouca rotatividade. Criaram-se as 2 zonas, por causa dos custos, mas por outro lado, diminuiu-se a competitividade. Agora na segunda fase, todas as equipas têm muito valor.

Que metas traça?

Vamos ser ambiciosas e apontar aos primeiros quatro lugares para garantir o acesso ao play-off. Temos uma boa equipa. A partir dai é jogo a jogo.

Maria Barbosa (à esquerda) com a sub-capitã Bárbara Marques e o treinador Jorge Moreira

Vê o Benfica como principal candidato, ou este ano será quebrada a hegemonia?

Este ano, o Sporting conseguiu equilibrar um bocadinho, mas em play-off se calhar vai prejudicar um bocadinho o Benfica. Em campeonato corrido, iria conseguir ser campeão com maior ou menor dificuldade. Em play-off, é difícil prever, porque o Sporting que já derrotou o Benfica, está a jogar muito bem. Nós não somos profissionais e as nossas condições não tem que ver com Benfica e Sporting. Temos aqui uma oportunidade de conseguir ir mais longe, porque nos últimos anos, todos já sabiam que ia cair para o Benfica, que não dava hipótese [risos].

“Temos aqui uma oportunidade de conseguir ir mais longe, porque nos últimos anos, todos já sabiam que ia cair para o Benfica, que não dava hipótese”

Em termos profissionais, trabalha em que área?

Sou economista e concilio com o hóquei. Apesar de sermos amadoras, assumimos o compromisso como profissionais e se calhar, nós como não profissionais e sem recebermos, damos mais do que muitos que são pagos.

Como nasce a alcunha de Marega?

[risos] Foi uma brincadeira, sou muito engraçada e divertida no balneário e acho que todos entram nas minhas brincadeiras, sou muito extrovertida. Antes de um FC Porto-Benfica – eu sou do Sporting, mas como o Sporting não ganha títulos em futebol… -, eles estavam a disputar o título de campeão e nesse jogo o Marega falhou uns 5 golos à boca da baliza. Então, eu imitava o Marega e antes de um jogo elas metiam-se comigo ‘vê lá se não pareces o Marega a falhar golos’. Correu-me bem, fiz 3 ou 4 golos e passei a ser a Marega por festejar como ele de braços cruzados. Foi em 2017 e pegou.

Já esteve com Marega?

Não, mas era fixe [risos].


Olhando ao atual contexto, o que prevê para a economia nacional em 2021?

É muito difícil de prever, porque este contexto de incerteza afeta não só o desporto como as empresas e se há umas empresas ligadas ao sector farmacêutico que cresceram exponencialmente os seus lucros, por exemplo, a maioria está num impasse sem saber o que vai acontecer e só a partir de meio do próximo ano é que as coisas vão estabilizar um bocadinho. Até la dependerá dos casos. Vai ser um ano de altos e baixos e só vai estabilizar quando os efeitos das vacinas forem visíveis.

Defina a sua Sanjoanense numa palavra.

Casa, mas numa palavra é difícil. Fui para lá aos 13, integrei a equipa de juniores que fazia campeonato sénior e só saí aos 23 durante um ano e depois voltei. Cresci como pessoa e atleta na Sanjoanense, conquistei a Taça de Portugal, foi lá que aconteceu a primeira internacionalização e a ida ao Europeu em 2013. Penso acabar aqui a carreira e espero ganhar títulos. - in ladof.pt

Fotos: AD Sanjoanense

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